quarta-feira, 3 de junho de 2009

Segurança

Mototaxistas aterrorizados com bandidos
Mototaxistas apavorados com o crescente número de roubos contra eles, cobram mais rigor da PM para reprimir os bandidos

RUBENS SANTANA

Ao solicitar uma corrida por um desconhecido, nem sempre os mototaxistas podem diferenciar quem é um bandido ou um cidadão de bem, um ladrão ou um trabalhador.

A clandestinidade e a falta de empregos fizeram com que várias pessoas migrassem para o transporte clandestino. São diversos trabalhadores que ocultos na informalidade atravessam fronteiras em busca de sustento para a família, que aguardam o regresso do pai, do filho ou de parentes que tiveram uma longa jornada durante o dia para transportar passageiros de norte a sul e de leste a oeste em Montes Claros e em toda região norte mineira.

Contudo, uma classe; os mototaxistas; vem sendo alvo de bandidos disfarçados de passageiros. De acordo com diversos trabalhadores, eles não parecem bandidos nem ladrões. São pessoas de boa aparência, bem vestidos com roupas de grifes famosas.

O mototaxista Gilson Ferreira da Silva, de 25 anos, informou que está na informalidade devido a poucas opções que o atual mercado proporciona, porém, de acordo com ele, trabalhar como mototaxista é uma ótima saída visto que ele ganha aproximadamente R$ 50 por dia livre das despesas com gasolina. “Eu acho que é difícil ganhar esse valor trabalhando em empresas ou no comércio. Como não é proibido ser mototáxi e ta dando um bom dinheiro, pretendo continuar”, afirma Gilson observando que as autoridades competentes poderiam elaborar um projeto para regularizar o sistema e que embora esteja ganhando bem, ele tem receios de ser assaltado por bandidos que disfarçam de passageiros. “Tenho vários colegas que já foram assaltados ou tiveram suas motos roubadas.”

Outro mototaxista, Ricardo Ferreira Cruz, 32, informou que a Polícia Militar poderia realizar diversas blitz pela cidade abordando os mototaxistas e também os passageiros. “Tenho a impressão que se ocorresse essas blitzs com mais freqüência, mais empenho da PM, acho que os bandidos iriam ficar com receios e pensar duas vezes antes de cometer um assalto”, observa Ricardo ressaltando que mesmo se tivesse um maior empenho por parte da PM, os bandidos não se intimidam e iriam continuar roubando. “Eu me sinto em rua sem saída. Os ladrões não tem medo de ninguém. Agente pede polícia mas eles não intimidam”, disse o trabalhador.

Já o mototaxista Fernando Ribeiro Fonseca, de 27 anos, discorda dos companheiros. De acordo com ele, os bandidos normalmente de boa aparência usando boas marcas de roupa pelo corpo, chegam e solicitam uma corrida. Porém, não dá pra saber o que os aguardam no fim da linha. “Normalmente os caras conversam difícil. Tem um bom português. Não dá pra saber”, afirma Fernando acrescentando que não tem como saber se o passageiro é bandido ou não. “Estamos todos nas mãos de Deus. É ele que nos guia. Se tiver que acontecer não vai ter jeito. Não tem como agente diferenciar um passageiro do bem com um ladrão disfarçado de passageiro.”

Vítima de ladrões por cinco vezes onde desses cinco assaltos o mototaxista L,R,B., de 40 anos, que preferiu se identificar apenas com as iniciais do seu nome para não ser mais uma vez assaltado, informou que só transporta mulheres em sua moto. De acordo com ele, a possibilidade de ser assaltado por mulheres é inexistente. “Depois de diversos assaltos optei por fazer corrida para os bairros só com mulheres. Eu já tenho minha clientela. Já é uma garantia para não correr o risco de ser roubado novamente”, afirma o trabalhador observando que no último assalto contra ele os bandidos levaram sua moto que era financiada.

De acordo com ele, já faz dois anos que aconteceu o roubo e até hoje ele não encontrou a moto. “Possivelmente eles venderam a moto na zona rural. Lá não tem fiscalização e que comprou deve ter comprado a preço de banana”, observa o trabalhador enfatizando que não desanimou e paga em dia dois financiamentos; uma da moto roubada e o outro da moto que ele está trabalhando atualmente.

Nenhum comentário: