quarta-feira, 14 de março de 2012

Golbol, esporte praticado por cegos


Cegos treinam e vão fazer intercâmbio em Brasília/DF

Três pessoas cegas, sócias da Ademoc (Associação das Pessoas com Deficiência de Montes Claros), há oito meses, sob a orientação de Wesley Mendonça, professor de educação física, vêm treinando e aperfeiçoando uma nova modalidade esportiva: o Golbol. Para aprender ainda mais sobre esse desconhecido esporte para a população norte mineira, a equipe está indo a Brasília/DF para participar de um intercâmbio com o objetivo de desenvolver ainda mais a modalidade esportiva.

Segundo o professor, a modalidade esportiva é o primeiro desporto criado exclusivamente para deficientes visuais. Por esse motivo todos os competidores devem usar uma venda para deixar os atletas em iguais condições. “O objetivo principal do jogo é lançar a bola, quando se tem a posse da mesma, com as mãos para fazer o gol no adversário e impedir que ele faça gols na sua equipe, utilizando para isso de todo o corpo”, explica Wesley.

Ainda de acordo com o professor, o Golbol é disputado numa quadra das mesmas dimensões da quadra de voleibol por duas equipes de três jogadores cada. No fundo de cada lado está o gol que tem a mesma dimensão do fundo da quadra (9m), portanto bem largo e por outro lado baixo, com apenas (1,30 m) de altura. “A bola é feita normalmente de borracha, tamanho semelhante à de basquete e possui guizos no seu interior para que faça barulho ao ser lançada”, conta.

Porém, sem recursos financeiros e contando somente com o apoio da Ademoc, a solução paliativa para ensinar o esporte para os participantes foi improvisar uma bola. Os cegos participantes do projeto, Argemiro Junior dos Santos Domingos, 40 anos, e os estudantes José Aparecido Rodrigues, 30, e Ataíde Alves Junior, de 17 anos,  aproveitam a oportunidade e, todas terças-feiras, às 19 horas, se deslocam de diferentes bairros da cidade para o salão do projeto Curumim, na Vila Anália.

Para o professor de educação física, a idealização de políticas públicas voltadas para a pessoa com deficiência valoriza e incentiva competições em nível nacional, além de elevar a autoestima do portador de deficiência. “Com a falta de incentivos, estamos indo para Brasília/DF participar de um intercambio onde teremos a oportunidade de aprender um pouco mais sobre esse esporte. Temos um grande potencial para ser explorado e vamos em busca de divulgar ainda mais esse trabalho para que em breve, poderemos ter atletas montes-clarense disputando uma olimpíada”, frisa.


O esporte

Inventado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, o goalball é um esporte baseado na percepção tátil e auditiva, jogado única e exclusivamente por atletas com deficiência visual. O esporte é disputado em uma quadra que tem as mesmas dimensões da de vôlei (9 m de largura por 18 m de comprimento). Cada equipe conta com três atletas titulares e três atletas reservas. Os gols, que têm nove metros de largura por 1,2 m de altura, ficam nas extremidades da quadra. Os três jogadores são ao mesmo tempo arremessadores e defensores. Os arremessos só podem ser rasteiros. Assim como no futebol, a bola no goalball possui guizos que emitem sons e permitem aos atletas saberem a direção do objeto, que tem 76 cm de diâmetro e pesa 1,25 kg.
Como nesse jogo não se pode utilizar o recurso da visão, outros sentidos como o tato (para a localização) e a audição (para a orientação) são fundamentais.