quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Padre da diocese de Montes Claros ajuda em importante descoberta arqueológica

Um padre da arquidiocese de Montes Claros é considerado o primeiro pároco do mundo a se tornar voluntário em Magdala, antiga cidade localizada na costa noroeste do Mar da Galileia. Padre Bessa, famoso por desenvolver uma série de trabalhos sociais nas áreas de educação, saúde, cidadania e meio ambiente, está na cidade de Tiberíades, distante 136 quilômetros da cidade de Tel Aviv há quase dois meses e o principal objetivo da permanência no local como voluntário é participar de descobertas arqueológicas na milenar cidade que teve Maria Madalena, um de seus famosos moradores com passagem pela Bíblia.

De acordo com o pároco, diversas pessoas já fizeram questionamentos de como ele chegou ate a “Terra Santa” e o que foi fazer naquele país. “Na verdade eu tinha programado antes de voltar para minha Diocese – Montes Claros(MG) – passar dois meses nos Estados Unidos em uma paróquia dos Legionários de Cristo estudando inglês. Quando eu morei nas Filipinas me dediquei mais a língua local (cebuano) e pouco ao inglês (também muito falado naquele país). Um padre amigo meu – Legionário de Cristo – me fez a proposta de estudar inglês na Terra Santa, além de conhecer, poderia ficar em Magdala fazendo um trabalho voluntário e se dedicando a prática do inglês e por isso, aceitei o desafio. Aqui tenho tido oportunidade de conhecer os lugares sagrados (estudar sobre eles), me dedicar parte do dia ao estudo do inglês, fazer um trabalho voluntário edificante e rezar, refletir sobre a vida, a vocação, os erros e acertos nestes 6 anos de sacerdócio” explica o padre.

Sobre o serviço voluntariado de descobertas arqueológicas, Padre Bessa informa que,  em 2009, o padre mexicano Juan Solana da Congregação dos Legionários de Cristo, passava pela região da Galileia e teve a ideia de comprar um terreno para fazer um centro com o objetivo de acolher os peregrinos cristãos. “A ideia é construir um hotel, Igreja e um lugar especial para conferencias, palestras, seminários sobre a mulher. O local escolhido foi Migdal, aldeia conhecida no Novo Testamento como Magdala, terra natal de Maria Madalena, a mulher que Jesus expulsou sete demônios (conforme Evangelho Segundo São Lucas 8,2)”, afirma Bessa.

Para autorizar a construção, autoridades de antiguidades de Israel fizeram algumas escavações e encontraram o que seria o centro da antiga cidade de Migdal e a mais preciosa descoberta: uma Sinagoga no primeiro século cristão. Segundo a arqueóloga Dina Gorni, “o achado foi uma espécie de milagre, porque as escavações eram so como medida de precaução antes que os padres iniciassem o projeto das construções”, frisa.

Segundo Flavio Josepho, importante historiador do primeiro século, houve uma grande batalha contra judeus e romanos o que teria destruída a cidade, também foi coberta por um deslizamento do monte Arbel e terremotos teriam acontecidos.

Padre Bessa - que já estudou teologia e  missiologia no Vaticano – informa que “o interessante ressalta é que esta riqueza arqueológica foi encontrada em menos de 50 cm de profundidade do solo” ressaltou o sacerdote ao acrescentar que tudo começou quando a equipe de arqueólogos encontraram uma grande pedra, que ficou conhecida como a Pedra de Magdala. “Há alguns anos, durante uma seca, o lago recuou e revelou as fundações de uma torre que os arqueólogos acreditam ter dado o nome à cidade (que significa torre), e pode ter sido um farol”, afirma.

O panorama maravilhoso em volta de Magdala inclui o penhasco de Arbel e o Vale das Pombas, a estrada principal que Jesus teria tomado para chegar nesta área desde Nazaré. Na realidade, a melhor vista de Magdala, cujas escavações estão numa área cercada que pertence aos franciscanos, é do topo do Arbel, vendo toda a área do ministério de Jesus se estendendo ao horizonte.

Ainda segundo o padre, ele frisa que a Sinagoga apresenta algumas diferenças com as descobertas até agora. “Uma delas é essa pedra que ficava no centro da Sinagoga cheia de símbolos interessantes para os Judeus, como o candelabro de sete braços (Menorah) e o que seria uma representação do Segundo Templo de Jerusalém, tudo isso esculpido na pedra. Outras diferenças seriam mosaicos que pela primeira vez são encontrados de uma sinagoga do primeiro século. Acharam ainda uma Roseta e desenhos com cores, que também não encontraram em outras sinagogas. Outro detalhe era o BetMidrash (quarto de estudo), amplo que estava junto da Sinagoga”, disse.

 Do ponto de vista judaico, é uma descoberta especial, uma vez que é uma das poucas (sete) sinagogas encontradas do primeiro século. Para os cristãos, este também é um achado importante, a cidade foi destruída no ano 66d.C, isto levar a crer que Jesus teria passado pela cidade e entrada nesta Sinagoga. “Os trabalhos continuam em Magdala. Todos os dias centenas de peregrinos passam pelo local para conhecer a Sinagoga e as escavações da antiga cidade. Também pessoas do mundo todo ajudam como voluntários nesta pesquisa. Já passaram mais de 500 voluntários de várias partes e eu sou o primeiro padre voluntário. Para mim está sendo uma experiência única. Trabalhamos aqui não só na arqueologia, mas também acompanhando os peregrinos explicando cada local e na manutenção (limpeza, cuidado com os animais, pinturas, e outras atividades). Quando trabalhamos na arqueologia fazemos escavações e encontramos algo de diferente, separamos para a equipe de arqueólogos investigarem do que se trata” explicou o sacerdote que no mês de fevereiro retorna para Montes Claros.

Nenhum comentário: