terça-feira, 27 de janeiro de 2015

CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO - Conseguir a categoria ‘B’ fica cada vez mais difícil

Conseguir se habilitar na categoria ‘B’ da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em Montes Claros a cada ano que passa fica cada vez mais difícil. A prova está nos números do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) que mostram que, em 2014, a média de aprovação nos exames de rua realizados na cidade foi de 18,28%.
As reprovas na cidade para a categoria ‘B’ representam 81,72%. Com 8.459 tentativas registradas pelo Detran/MG, apenas 1.546 alunos foram aprovados para dirigir provisoriamente. Mensalmente, pouco mais de 128 pessoas estão aptas para dirigir. “Em 2007, último ano em que o órgão disponibiliza dados da prova, o percentual era de 23,03%. Apesar de o órgão disponibilizar informações a partir do mês de julho, 499 pessoas foram aptas a dirigir.
Contudo, os baixos índices de reprovas trazem à tona uma antiga discussão sobre o processo para se conseguir tirar o documento. Do processo de legislação até o dia do exame nas ruas, os serviços oferecidos pelas autoescolas, com o baixo número de aprovação, mostram a deficiência dos CFC’s quanto à questão do aprendizado do aluno. Enquanto alguns candidatos alegam que o problema está no ensino oferecido pelos CFC’s, proprietários e instrutores afirmam que a grande reprova se deve ao nervosismo do aluno.
Pela resolução 358 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), os centros de formação de condutores devem apresentar taxas de aprovação iguais ou superiores a 60% na hora de renovar o credenciamento. Caso não alcancem a meta, cabe ao Detran solicitar ao diretor de ensino da instituição uma proposta de planejamento para sanar possíveis deficiências no processo pedagógico. Persistindo o problema, os profissionais devem passar por uma reciclagem.
Embora a regra vigore desde 2011, nunca foi cumprida em Montes Claros. Em 2007 quando começou o banco de dados da classificação e produtividade dos CFC’s por prática veicular, 15 autoescolas existiam na cidade. Sete anos depois, a quantidade de escolas dobrou. Com 30 autoescolas aptas para ensinar o candidato para conseguir a CNH, o índice de reprova aumentou drasticamente nos últimos anos. Além da grande quantidade de reprovas, outro empecilho é conseguir agendar o exame. No ano de 2013 mais de 14 mil tentativas para obter a CNH na categoria ‘B’ foram registradas pelo Detran. Porém, somente 1.858 pessoas foram aprovadas.

CFC’s não atingem meta exigida

E para mostrar o fracasso das autoescolas quanto a conseguir a média exigida pela Denatran, todos CFC’s estariam reprovados em Montes Claros. Quem conseguiu o maior índice não passou dos 25% de aprovação. A autoescola que conseguiu 24,14% de aprovação teve somente 87 alunos que tentaram a habilitação. Apenas 21 pessoas conseguiram o documento. Das 30 escolas que existem na cidade,  nenhuma delas conseguiram atingir a média de aprovação no ano passado. E com a grande quantidade de reprova, os CFC’s não passaram por nenhum tipo de supervisão para melhorar a performance dos alunos nos exames de rua. Responsável pela ação, o Detran não se manifestou sobre o assunto.
E o fracasso do desempenho dos CFC’s mostra que o atual sistema para conseguir a tão sonhada habilitação pode ficar ainda mais difícil. Com a nova exigência que passou de 20 para 25 aulas de direção, além de não garantir a aprovação, para tirar a CNH o candidato vai precisar gastar um pouco mais. Embora o maior índice de bombas seja nos exames de rua, há muitos candidatos que também não conseguem se sair bem na prova teórica do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran). A média de reprovação entre os que tentam o curso de legislação na cidade 28,45%. No ano passado 13.488 registros de tentativas foram tabulados no Detran, 9.650 pessoas aprovadas.
Falhas
De acordo com o Denatran, caso a autoescola não consiga chegar próximo da taxa estipulada, é sinal de que existe uma deficiência muito grave que precisa ser corrigida.
Segundo um proprietário de uma autoescola que preferiu não se identificar, é necessário fiscalizar os centros de formação de condutores que apresentam altos índices de reprovação, até mesmo para evitar que haja interesses financeiros por trás de tantas reprovações. “Eu me enquadro nesse sistema. Sei que não consegui a meta. Mas como não existe fiscalização, continuamos a oferecer o serviço. Contudo, deveria haver uma mudança para renovar os métodos de ensino. A fórmula para ensinar uma pessoa a dirigir é praticamente a mesma de décadas atrás. E o aluno não sai das aulas pronto para encarar a rua. Ele é treinado para realizar o exame”, disse.
Presidente do Sindicato dos Proprietários dos Centros de Formação de Condutores de Minas, Rodrigo Fabiano da Silva, até reconhece a necessidade de investir mais em capacitação dos instrutores. No entanto, ressalta, esse está longe de ser o principal problema.
De acordo com Rodrigo, a implementação do cone para a manobra de baliza, em 2009, só piorou o desempenho dos alunos. E embora a carga horária obrigatória de aulas tenha aumentado recentemente de 20 para 25 horas, ele diz que o tempo é curso para preparar uma pessoa para o teste. “O legislador não nos dá condições de desenvolver um trabalho correto e coerente, que garanta uma formação atualizada para os futuros condutores”.

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